Essas metas são determinadas pelo Ministério da Saúde. Isso significa que moradores de 99 cidades do Ceará não estão sendo acompanhados devidamente em relação à primeira doença e que 89 municípios estão descobertos dos cuidados ideais com a segunda.
No caso da assistência aos diabéticos, o objetivo é identificar o contato entre o paciente e o serviço de saúde, para atendimento e solicitação do exame de hemoglobina glicada. Esse acompanhamento deve acontecer pelo menos uma vez a cada 6 meses e a meta é alcançar 50% do público.
Já no controle à hipertensão, a ideia é realizar o procedimento de aferição da pressão arterial, que permite avaliar se a condição está controlada, para prevenir os danos mais extremos da doença. As consultas também devem ser realizadas semestralmente para 50% da população.
O Ministério da Saúde estabelece uma nota de 0 a 10 pelo desempenho dos municípios, recebendo nota máxima aquelas que cumprem as metas estabelecidas, ou seja, quem não alcança 10 está fora da meta.
As notas mais baixas no acompanhamento da diabetes são de Baturité (2,6), no Maciço de Baturité; Abaiara (3,2), no Cariri; e Paracuru (3,4), na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Já Baixio (2), no Centro-Sul; Crateús (4,6), no Sertão de Crateús; e Campos Sales (4,6), no Cariri, ficaram com os menores desempenhos na assistência contra a hipertensão.
Embora esse tipo de assistência seja de responsabilidade de cada uma das prefeituras, o Diário do Nordeste entrou em contato com a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), durante a manhã da quinta-feira (28), para entender como a Pasta acompanha os municípios no Estado. A reportagem aguarda resposta.
O Ceará conseguiu bons resultados nos indicadores de desempenho do pré-natal com 6 consultas (97,8%), pré-natal em pacientes com sífilis e HIV (97,8%)e no atendimento bucal em gestantes (95,7%).
O médico cardiologista Gentil Barreira, presidente da Sociedade Norte-Nordeste de Cardiologia, explica que a hipertensão arterial é uma doença crônica definida por níveis comumente elevados na conhecida “pressão”. A doença acontece tanto por fatores ligados aos hábitos, como má alimentação, e questões genéticas.
“A prevalência de hipertensão arterial é maior entre homens, aumentando com a idade, chegando a mais de 70% nos indivíduos acima de 70 anos. Os pacientes são frequentemente assintomáticos, podendo evoluir com alterações estruturais e funcionais”, detalha.
Com isso, há prejuízos para coração, rins e cérebro, “o que acarreta um impacto significativo nos custos médicos e socioeconômicos relacionados, principalmente, às complicações fatais e não fatais”, acrescenta o especialista.
A falta de assistência para acompanhar a doença pode levar a arritmias cardíacas, infarto agudo do miocárdio, doença arterial coronária, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral, insuficiência renal, doença vascular periférica e até morte súbita.
“A dificuldade de acesso aos profissionais da saúde, principalmente ao médico, relacionadas às condições socioeconômicas pode dificultar o diagnóstico e tratamento dos pacientes hipertensos”, conclui.
Por isso, o tratamento e controle adequado da hipertensão deve ser feito com o uso regular de medicação, estilo de vida saudável e práticas de atividade física. “Controle adequado do peso, moderação no consumo do álcool e cessação do tabagismo”, acrescenta Gentil.
A rede pública de Fortaleza oferece acompanhamento de quem tem diabetes por meio da Atenção Primária à Saúde. Nos casos de suspeita ou confirmados de diabetes, os pacientes podem buscar os postos de saúde, onde são classificados quanto ao seu risco e terão seu plano de cuidado definido.
Dependendo do risco, os usuários podem ser acompanhados em um dos sete dos Centros Especializados de Atenção ao Diabético e Hipertenso (CEADH). Atualmente, o projeto atende 34 mil pessoas com diabetes. O serviço é realizado por especialistas endocrinologistas, cardiologistas, oftalmologistas, cirurgiões vasculares e enfermeiras capacitadas em pé diabético.
O Previne Brasil é um programa instituído pelo Governo Federal, em 2019, com um modelo de financiamento para aumentar o acesso da população aos serviços da Atenção Primária, como os postos de saúde. Um dos objetivos é fortalecer o vínculo entre a população e as equipes de saúde.
Para isso, são usados mecanismos que induzem à responsabilização dos gestores e dos profissionais pelo público acompanhado.
O repasse de recursos financeiros feito pelo Ministério da Saúde considera três critérios:
Essa iniciativa busca equilibrar valores financeiros per capita referentes à população efetivamente cadastrada nas equipes de Saúde da Família e de Atenção Primária, com o grau de desempenho assistencial das equipes somado a incentivos específicos.
Nesse sentido, é feita a ampliação do horário de atendimento, como o Programa Saúde na Hora, a informatização dos processos, formação de equipes de saúde bucal, de Consultório na Rua, e de formação de residentes na APS, por exemplo.
João Abreu, co-fundador e diretor-executivo da ImpulsoGov, contextualiza que é possível mostrar quem são as pessoas que o Sistema Único de Saúde ainda não consegue atender.
"Os municípios parceiros têm acesso gratuito a ferramentas de gestão de listas nominais relativas a cada um dos 7 indicadores, que indicam, por exemplo, quem são as mulheres que ainda não fizeram o exame preventivo de câncer de colo de útero e quem é a equipe de saúde responsável por identificá-la e oferecer o exame", completa.
Ao analisar os indicadores referentes ao acompanhamento de pessoas com hipertensão e diabetes, João aponta que os indicadores têm os maiores percentuais de municípios brasileiros abaixo da meta.
"Esse é um problema multifatorial, que pode envolver o crescimento da população com doenças crônicas não transmissíveis, o envelhecimento da população brasileira, fatores relacionados à cobertura dos usuários do SUS por médicos e enfermeiros, e a qualificação dos registros dos atendimentos realizados", conclui.
Os acompanhamentos dos resultados e outros dados referentes a esses indicadores da Atenção Primária à Saúde permitem que os profissionais do SUS identifiquem onde focar seus esforços, facilitando a tomada de decisões para que possam aprimorar os serviços oferecidos à população.
JOÃO ABREUDiretor-executivo da ImpulsoGov
Fonte - Diário do Nordeste. Clique AQUI
Escrito por Lucas Falconery .