Em Maracanaú, na comunidade Jagatá, uma mulher teria sído atraída para o território da facção e colocada dentro de uma residência para ser executada. Ela tentou fugir, no entanto foi atingida por disparos de arma de fogo. O caso foi registrado na quarta-feira, 3.
Em Caucaia, ainda na quarta-feira, 3, a vítima usava tornozeleira eletrônica e foi alvo de uma execução.
No mesmo dia, no município de Ubajara, a 326 quilômetros de Fortaleza, uma mulher de 46 anos foi morta no Mercado Público. Seis pessoas foram presas suspeitas da ação criminosa.
Em Amontada, a 174 quilômetros de Fortaleza, na Praia dos Caetanos, uma mulher foi morta a tiros. Ela morreu no local do crime. A identificação da vítima não foi informada. Caso também registrado na quarta-feira, 3.
Em Fortaleza, Eliane Damasceno da Silva, de 65 anos, foi morta a tiros, no bairro Vila Peri. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. Os levantamentos iniciais apontaram que Eliane, conhecida como dona Vanda, foi executada a mando de uma facção criminosa em represália à filha dela, que é considerada chefe de uma facção rival no bairro Vila Peri.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) confirmou a morte da mulher, que foi encaminhada a uma unidade de saúde, onde não resistiu aos ferimentos. O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Na quinta-feira, 4, houve uma ação no bairro Planalto Ayrton Senna, durante a madrugada desta sexta-feira, 5, que vitimou uma mulher.
Ainda em Fortaleza, uma travesti, de 23 anos de idade, foi morta no bairro Jacarecanga. A SSPDS informou que a vítima foi encontrada sem vida, com sinais de violência, em via pública. A 4ª Delegacia do DHPP investiga o caso.
A última morte, em 2023, de vítima do sexo feminino ocorreu no dia 31 de dezembro. A mulher foi morta na calçada de uma residência enquanto aguardava a virada, em Maracanaú. Maria Claudiana Uchoa tinha 46 anos de idade. Além dela, o cunhado também foi atingido e morreu. As mortes foram confirmadas pela SSPDS. O caso é investigado pela Polícia Civil.
Sobre os outros casos, a reportagem aguarda resposta da pasta da Segurança.
Dentro do contexto de casos de mulheres mortas, que estão relacionados com organizações criminosas, o pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará e colunista do O POVO, Ricardo Moura explica que há duas linhas que podem explicar esses fênomenos, sendo uma a mudança de perfil das vítimas. "Se havia algum respeito por idosos e mulheres e algum limite que delimitava o perfil da vítima, hoje não há mais", ressalta.
Ainda é observado pelo especialista que, nos últimos anos, há um incremento de mulheres na população total de vítimas. O percentual de mulheres vítimas de assassinato tem aumentado.
Há uma outra linha citada por Ricardo Moura que é a de que muitas mulheres mantém as atividades das organizações criminosas quando os companheiros são presos. "Não sabemos se inicia com o marido solto ou preso, mas a participação feminina tem aumentado. Quando a gente pega caso de prisões de mulheres, o tráfico de drogas é um fator determinante", explica.
O pesquisador exemplifica que no caso específico da mulher de 65 anos, que foi morta, são dois fatores que se somam: um deles é a vítima que é uma pessoa idosa, que não há mais restrição nas organizações criminosas para que ela seja morta. E o outro fator é o envolvimento da filha nessa atividade criminosa.
Em 2021, o número de mulheres presas por integrar organização criminosa, pessoalmente ou por interposta pessoa, aumentou 65,1% em relação ao ano de 2020. A estatística é da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública da SSPDS.
O dado é referente aos meses de janeiro a outubro de 2020, quando foram registradas 43 prisões; e de 2021, que contabilizou 71 casos. Enquanto isso, na mesma época, o número de prisões de homens com base na Lei das Organizações teve uma diminuição de 4,3%, sendo 442 prisões em 2020 e 423 em 2021.