O maior aumento ocorreu na população que se identifica como indígena segundo o quesito raça ou cor. O total dessas pessoas mais que dobrou e passou de 0,2% da população cearense (19.336) para 0,5% (39.982).
Em agosto de 2023, o Diário do Nordeste publicou o levantamento do Censo 2022 específico sobre a população indígena. Mais abrangente e com números maiores, aquela divulgação também inclui quem mora em localidades indígenas e declarou que se considera indígena, além da autodeclaração pelo quesito “raça ou cor”.
Em seguida, aparecem as pessoas que se declaram pretas, cujo número aumentou em 51,7%. Em 2010, essa parcela correspondia a 4,6% (392.733) da população do Ceará e passou para 6,8% (595.694) no levantamento seguinte.
Já entre os pardos, que nos dois anos corresponderam à maioria da população cearense, a variação do número de pessoas foi mais discreta, de 8,8%. Considerando o percentual dessa categoria na população geral do Estado, esse grupo passou de 61,9% (5.230.214 pessoas) em 2010 para 64,7% (5.690.973 pessoas) em 2022.
Os dados relativos à identificação étnico-racial da população brasileira foram divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (22). As informações também apontam redução de 9,2% nas pessoas que se declara branca no Ceará, passando de 32% dos residentes (2.704.732) para 27,9% (2.456.214) entre 2010 e 2022. Aqueles que se declararam de raça ou cor amarela representavam 1,2% dos cearenses (105.307) em 2010 e no levantamento mais recente passaram para 0,1% (11.256).
Para essas pessoas, além de perguntar a raça ou cor com que se identificam, o IBGE apresentou uma mensagem de confirmação. Foi explicado que são considerados de raça ou cor amarela as pessoas de origem japonesa, chinesa ou coreana. Segundo o IBGE, a redução da população amarela em todo o Brasil, que retomou patamares próximos aos encontrados nos censos de 1991 e 2000, atesta a efetividade da mensagem de confirmação para o informante.
O aspecto “cor” é investigado pelo IBGE desde 1972, mas só em 1991 passou a ser denominado “cor ou raça”. A mudança ocorreu tanto pela inclusão da população indígena quanto pela compreensão de que a classificação estabelecida nas categorias da pergunta vão além da cor da pele ou do fenótipo, envolvendo diversos critérios de pertencimento étnico.
Além disso, o Instituto aponta que o quesito “raça ou cor” não retrata apenas esses dois aspectos, uma vez que existem “vários critérios que podem ser usados pelo informante para a classificação”, como a origem familiar, a cor da pele, os traços físicos e a etnia.
Da mesma forma como ocorreu na população geral do Estado, os percentuais dos grupos que se identificam como pretos, pardos e indígenas teve aumento em todas as faixas etárias, enquanto a proporção de brancos e amarelos reduziu em todas as idades.
O percentual de autodeclarados indígenas pelo quesito raça ou cor é maior entre as pessoas até 14 anos e de 15 a 29 anos (0,5%). Pessoas pretas, por outro lado, aparecem em maior proporção entre pessoas mais velhas, como as faixas etárias de 45 a 59 anos e 60 a 74 anos (8,4% e 8,7%, respectivamente).
Já as pessoas que se identificam como pardas são mais da metade da população em todas as faixas etárias. Brancos, por sua vez, aparecem em maior percentual entre os mais velhos: nas faixas etárias de 60 a 74 anos (30,9%) e de 75 anos ou mais (36,6%). Pessoas de raça ou cor amarela são até 0,2% de todos os grupos etários.
Para analisar a distribuição étnico-racial da população conforme o sexo, o IBGE utiliza um indicador chamado razão de sexo, que aponta a proporção de homens em relação às mulheres em cada grupo. Quando esse índice é superior a 100, existem mais homens que mulheres. Quando é inferior a 100, há mais mulheres que homens.
Em relação à autodeclaração étnico-racial na população do Ceará, os homens são maioria apenas entre os autodeclarados pretos. Os menores valores para razão de sexo no Ceará são percebidos na população amarela (78,3) e branca (88,7). A maior foi encontrada na população preta (115,5). Pardos e indígenas apresentam valores intermediários para razão de sexo — respectivamente 94,1 e 96,8.
Escrito por Gabriela Custódio , gabriela.custodio@svm.com.br
Fonte - Diário do Noreste.