Conforme o representante do Sindicato dos Pipeiros do Estado do Ceará (Sinpece), Eduardo Aragão, a 10ª Região Militar entrou em contato com a coordenadoria da Defesa Civil do Município informando que o serviço seria suspenso devido a fraude supostamente cometida por alguns pipeiros ainda no mês de abril.
No entanto, não foram repassados mais detalhes sobre a ação, o que despertou indignação dos profissionais, que realizaram um protesto na BR-020 na última quarta-feira (5). Os pipeiros defendem que a população e os trabalhadores não podem ser prejudicados por suposta infração de poucos indivíduos.
“Mesmo que tivesse a investigação, não era para paralisar [toda a operação]. Era para paralisar os pipeiros que estão sob suspeita e os outros rodarem, porque as comunidades estão sendo afetadas” argumentou Aragão.
Segundo informações do Sinpece, cerca de 10 mil moradores do município cearense estão sendo prejudicados pela interrupção. Sem a distribuição, a população que depende do fornecimento não pode realizar atividades essenciais, como beber água e cozinhar.
Os profissionais ainda afirmam ter tido o pagamento referente ao mês de abril retido devido à suspensão. O impedimento abalou a situação financeira dos 55 pipeiros do Município, que contavam com o salário para pagar as contas.
Em nota, o Comando da 10ª Região Militar, divisão responsável pelas atividades do Exército no Ceará e no Piauí, afirmou que a operação no município de Tauá encontra-se suspensa temporariamente por determinação da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), pertencente ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
Ao Diário do Nordeste, a pasta reiterou que a paralisação ocorreu devido à existência de fortes indícios de fraudes na entrega de água.
O Ministério ainda disse que um Inquérito Penal Militar (IPM) está em curso, conforme determinação do Exército, para apurar as suspeitas de fraudes e responsabilizar quem estiver envolvido. O IPM, segundo a legislação vigente, possui prazo de 40 dias, que podem ser prorrogados por mais 20 dias.
Qualquer informação sobre as fraudes só poderá ser repassada ao final do processo, não sendo possível adiantar nada por enquanto, segundo a pasta.
O Ministério afirmou que qualquer processo administrativo da Operação Carro-Pipa que envolva Tauá está paralisado. Portanto, os pagamentos de serviços que foram prestados e comprovados deverão, após finalizado o IPM, ser executados.
Em dezembro do ano passado, a Operação Carro-Pipa foi suspensa em todos os estados do Nordeste. A paralisação ocorreu após o Exército emitir um comunicado, afirmando que a distribuição deveria ser interrompida por falta de verbas.
Na época, mais de 1,5 milhão de pessoas foram impactadas, tendo que lidar com a falta de água potável para realização de atividades vitais. Além delas, 6,8 mil pipeiros foram prejudicados, sofrendo com dois meses de salário atrasado.
Em janeiro, a distribuição de água foi ameaçada outra vez, após o Exército atrasar os salários, referentes ao mês de novembro e dezembro, de 350 pipeiros em 34 cidades cearenses.
Escrito por Isabella Rifane. Foto: Sinpece
Fonte - Diário do Nordeste