O julgamento ocorreu 21 anos após o crime. Como O POVO mostrou nessa segunda-feira, 2, a morte de Nilton ocorreu em 14 de abril de 2002 na rua Guilherme de Oliveira, ao lado da Praça da Bandeira. Após desentendimento durante uma festa, diz denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE), Temóteo esperou a vítima na parte externa da festa e o perseguiu de carro.
Ele estava armado com um revólver, com o qual atirou uma vez, após luta corporal em que Nilton tentou tirar a arma de sua mão. Após o disparo, o revólver passou a falhar, momento em que Temóteo pegou a arma do soldado e atirou com ela contra a vítima.
Seja assinante O POVO+
Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.
Temóteo foi condenado por homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e mediante emboscada). Apesar da condenação, a família de Nilton disse ter ficado frustrada com a possibilidade do réu poder recorrer em liberdade.
Conforme a filha do PM, Ranielle Moreira, que tinha 14 anos na época do crime, a expectativa era de que ele já saísse preso do fórum. “É muita impunidade”, desabafa. “Ele saiu escoltado pela PM. Parecia que nós éramos os assassinos e iriamos fazer alguma coisa ali”.
Sem o pai, ela diz que foi penalizada de muitas formas. Exemplo disso é que, com a repercussão do crime, Ranielle e a avó paterna, que passou a criá-la só, foram morar na Zona Rural do Município, onde não havia muitas opções de estudo. Para ir à escola, ela conta que precisava recorrer a um pau-de-arara.
Outro impacto em seus estudos foi a impossibilidade de ingressar no ensino superior, já que a avó não tinha condições de levá-la para o vestibular no Crato (a 122km de Iguatu) e mantê-la na cidade. “Tenho certeza que, se meu pai estivesse comigo, teria me proporcionado isso”, afirma.
Ranielle descreve o pai como muito presente, prestativo e “chameguento”. “As três vezes que ele entrava em casa, as três vezes ele me beijava e beijava a minha avó. Ele me educou só com a palavra, com o olhar. Sinto muito falta dele. Eu já tenho um filho, que gosta de cavalos, igual a ele. Queria muito que meu filho tivesse o conhecido. São 21 anos, mas eu nunca esqueci do meu pai”.
Ranielle conta que recebeu inúmeras mensagens de iguatuenses prestando solidariedade a ela. “Não tenho raiva dele, só queria que pagasse pelo crime que cometeu”. O POVO não conseguiu contato com a defesa de Temóteo na noite desta terça-feira, 4. A sentença do caso também não havia sido divulgada até a publicação desta matéria.
Autor Lucas Barbosa - Foto; Acervo Pessoal
Fonte: O Povo Online