As mesmas cinco localidades estavam na lista de interrupção desde setembro. Porém, Arneiroz está sem atendimento desde julho e, Beberibe, desde maio, conforme as mesmas planilhas. Os municípios são incluídos a partir da demanda das gestões municipais.
As atividades do programa compreendem a distribuição de água potável a populações rurais e urbanas atingidas pela estiagem, com prioridade para os municípios em situação de emergência ou estado de calamidade pública.
Em Irauçuba, no Vale do Curu, a demanda por água tem sido grande, mas não há carros suficientes para atender à população, de acordo com uma moradora ouvida pelo Diário do Nordeste. Ela não quis ser identificada por medo de represálias.
Além da demora (da última vez, passou dois meses sem ser contemplada) e de carros danificados, ela considera insuficiente a quantidade fornecida mensalmente. Em sua residência, onde moram três pessoas, o volume serve apenas para 15 dias. Sem alternativa, ela precisa comprar.
“Custa R$180, 7 mil litros. Isso não dá pra muitos dias e muitos nem têm condição de comprar. Moro mais ou menos perto de onde tiram, mas quem vive mais longe deve pagar mais caro. É pouca água e muito cara”, lamenta a mulher.
Já em Arneiroz, segundo o secretário de Agricultura, Tibério Ribeiro, a Operação não foi suspensa pelo Governo Federal ou pelo Exército, mas sim porque nenhum pipeiro do município se cadastrou para fazer o fornecimento.
“Estamos com decreto ativo, mas infelizmente nenhum pipeiro da região de Arneiroz, Tauá e Aiuaba quis botar água do manancial porque a água é salobra, e claro que nenhuma pessoa quer receber essa água. Conseguimos agora na Justiça que venha de um poço do Piauí. Por enquanto, é a Prefeitura que está bancando a água do município”, relata.
Eduardo Aragão, presidente do Sinpece, explica que a inclusão das cidades na lista depende de renovações, de seis em seis meses, dos decretos municipais reconhecendo a situação crítica. Porém, quando a operação é cancelada, “demora de 3, 4 meses para voltar”, por isso algumas delas aguardam há mais tempo pelo início do abastecimento.
O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), ao qual a Operação é vinculado, recebeu verba suplementar de R$ 21,4 milhões do Governo Federal, no último dia 24 de novembro. De acordo com a Pasta, as atividades deverão ser retomadas na próxima semana.
20 LITROSpor pessoa ao dia é a quantidade de água fornecida pelo Exército no Ceará. A prioridade é o consumo humano.
Segundo Eduardo, o maior problema da interrupção é que este é o período mais seco do ano no Ceará, já que o período da pré-estação chuvosa geralmente só começa em dezembro, e apenas em algumas localidades específicas.
Diário do Nordeste